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por mountaineerbr

#13 Sem Motivação


Tenho pensado no que fazer profissionalmente e me encontro sem motivação.

No começo deste ano, fui trabalhar em uma empresa de melhoramentos genéticos (soja, milho e algodão) e foi uma experiência conturbada. Aprendi muito naquela empresa, profissionalmenye falando. A empresa é grande, toda rigorosa e foi uma experiência única ver os funcionários gostarem de trabalhar lá.

Infelizmente, já na primeira semana encontrei alguns problemas que não pude contornar pois diziam a respeito do meu despreparo físico (sedentarismo) para as colheitas manuais realizadas debaixo do sol.

Como não durei mais do que uma semana no emprego temporário, acabei saindo de lá com uma sensação de derrota e impotência. Tirando as coisas boas, saí com menos vontade de trabalhar do que quando lá cheguei.

Ócio

O ócio é uma coisa boa.

Até hoje, já li frases grandes pensadores que diziam sobre o poder do ócio e como ele pode ser o condutor da criatividade. Pessoalmente, não gosto daquela velha frase que o ócio é a oficina do diabo, reproduzida por muitos e por religiosos.

Mas entendo que o ócio também pode gerar sensações desagradáveis. Pode ser que a mente vague dentre os mares do existencialismo.

O ócio não deve ter um propósito. Por exemplo, usar o tempo para se preparar para alguma meta destrói o ócio, nega-se o ócio e então vira negócio.

Trabalho

Trabalhar é importante. Como disse o Comendador na reprise, o trabalho vai te fazer sentir mais confiante e seguro.

Quem precisa do trabalho para comprar alimentos para sí e para família, bancar escola, pagar aluguel e fazer manutenção na casa não tem muitas escolhas imediatas. Podem nem mesmo ter a escolha de um trabalho que o faça feliz.

Privilegiados como eu, do qual os pais tiveram uma oportunidade e seguiram carreiras que os renderem um dinheiro suficiente, suficiente inclusive para me manterem todos esses anos, me darem os estudos, casa e comida, podemos ficar um pouco confusos.

Especialmente quando não temos mais nenhuma ambição para realizar na vida, em uma família onde tudo está bem e todos estão saudáveis e ainda temos o vislumbre (ou sonhos) de retornos de investimentos feitos por mim nos últimos anos..

Propósito

Muito provavelmente eu não formarei uma nova família e não terei filhos. Com isso, as ambições comuns como uma casa grande, carro para levar os filhos para escola, despesas com saúde e educação dos dependentes deixam de ser uma preocupação.

O que resta?

Fazer viagens pelo mundo uma vez por ano era um sonho. Eu já viajei para o outro lado do planeta Terra e cursei um ano e meio em uma escola tradicional no Japão. De alguns anos para cá, viajar mais ainda pelo mundo já não mais me seduz tanto. Inclusive, quero ver quem vai viajar comigo para me dar coragem de ambarcar em um avião novamente! Um medo irracional que adquiri de alguns anos para cá, talvez de tanto não viajar de avião..

Então parece que resta pouco para me manter motivado profissionalmente. Sei que, se e quando eu acabar ficando sozinho nesse mundo, conseguirei me divertir muito com um computador e internet. Casa? Um pequeno apertamento com paz já basta. Meus maiores mimos são os meus computadores e livros.

Demais pertences materiais? Desde minha infância quando convivi com uma japonesa pianista gênia mal-compreendida, que vivia como Sócrates, entre cultura e livros, em uma casinha caindo aos pedaços, no meio dos cachorros adotados da rua, usando roupas antigas fora de moda, com muito pouco dinheiro e luxo, mentalizo que as aparências não são muito importantes. O material não é importante, o importante é imaterial!

Não sou uma pessoa elegante, visto-me mal mais frequentemente do que bem. Vestir-se bem é um outro assunto, mas no geral, eu não me importo com isso, tão pouco acho necessário. Porém, acho válido vestir-se de forma que se sinta confortável!

Como eu já fui assaltado cinco vezes, sinto-me muito mais seguro em sair na rua com roupas bem básicas e que chamem muito pouco a atenção. Mas enfim, é um longo assunto e, com certeza, as pessoas te julgam pelo que você veste ou como se sente e transparece.

Até certo ponto, um pré-julgamento ou preconceito pode ser útil e até mesmo nos salvar a vida, mas também pode ser prejudicial.

Trabalhar para quem?

Afastando todos os pontos acima expostos e em uma posição de raciocínio bem mais confortável agora, resta averiguar para quem devemos trabalhar?

Nada mais justo que uma pessoa trabalhe em uma empresa que tenha os mesmos valores e visão. Assim, estará ajudando as pessoas mais do que o dever ou que a necessidade requer. Do contrário, deveria-se trabalhar para sí mesmo, abrir uma firma e oferecer os serviços que façam bem.

Esse é um ponto bem complicado. Há mais oportunidades para uma empresa faturar oferecendo alguns tipos de serviços menos necessários para a sociedade ou do que o conhecimento e experiência da cabeça/fundador da empresa teria para oferecer.

Instituições do governo na minha área de formação são boas opções no quesito de ajudar a população nos mais diversas dificuldades da área. Mas vendo a ciência e o pensamento ambientalista tão errados, acredito que seria um trabalho com muitas frustrações. Como eu poderia ajudar na questão ambiental se não concordo com tantas bobagens que acreditam e muitas que são mesmo leis?

De todas essas opções, talvez o magistério seja a profissão que mais poderá ajudar as pessoas da nação diretamente com um valor incomensurável: o conhecimento.

Porém, também, tanto no ensino básico quanto no superior, há inúmeras oportunidades para se ganhar poder e perder a dignidade.

Conversa vai e vem

Conversando hoje com um amigo com características similares às minhas, acabei ficando melhor e estou saindo da fossa motivacional em que caí na última semana.

Basicamente, vou tentar afastar essas questões existenciais e focar em metas mais próximas e mais tangíveis e ir decidindo as escolhas e resolvendo os problemas conforme forem aparecendo.

Estou meio enrrolado com os estudos, como podem ser testemunhas.

O passo é lento.

Direção é mais importante que velocidade.

PS: acho que fui um pouco injusto comigo mesmo neste post, porém essas escritas também tem a função de promover uma autoanálise. Muitos pontos aqui descritos já foram superados ou estão em processo. Também percebi que para eu ser feliz, não basta somente tão pouco como escrevi aqui.. Por exemplo, materialmente acredito que realmente precise somente do necessário, mas espiritualmente é necessário o engajamento com outras pessoas e conseguirmos nos unir para produzir mudanças boas para a sociedade -- através da política (sentido filosófico). Mas deixemos essas coisas para outra hora!