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por mountaineerbr

#45 Mais Frustração


E ai, galera! Tudo bem com vocês? Agradeço aos leitores do blog que estão gostando do site..

Tentarei não escrever muito mas gostaria de deixar umas notas aqui sobre a frustração profissional e pessoal que sinto.

Quando eu estava metido com o YouTube, fazia vídeos sobre vários assuntos. Eram vídeos técnicos e apesar de não ser um canal grande (o pessoal gosta mesmo é de entretenimento e não de vídeos técnicos), eu gostava dos meus 256 inscritos e de fazer os vídeos e podcasts pois considerava meus ouvintes meus alunos, de certa forma.

Excluí meu canal no YouTube principalmente por causa de um processo de que sou alvo. Não sei se já comentei em outros posts, mas acabei virando um ativista de biologia sem querer, já que os meus estudos para produzir vídeos me mostraram alguns horrores que ocorreram com pesquisas no Brasil e fui atrás para tentar ajudar a população brasileira denunciando os envolvidos para suas próprias instituições, principalmente para fazer justiça àqueles que serviram de porquinhos da índia… Ainda não posso esclarecer melhor esse caso.

Enquanto eu também estava ocupado aprendendo shell e mercado financeiro, sentia que conseguia alguns resultados pois meu conhecimento estava aumentado perceptivelmente.

Agora não tenho mais canal no YouTube e estou ficando longe de aprender mais programação para poder focar na biologia. Apesar do meu esforço para conseguir um emprego e até mesmo trabalho voluntário na minha área de formação, estou me sentindo frustrado como biólogo.

Os ~14 currículos de professor de biologia que enviei para todas as escolas privadas aqui na minha cidade no ano passado não resultaram em nenhum chamamento/oportunidade e acredito que em plena crise econômica ninguém deve chamar. Ainda tenho certa esperança disso ocorrer até final de fevereiro ou março.. Depois disso, realmente não há como esperar mais resposta! As aulas ainda não começaram, quem sabe ainda há uma chance boa..

Escrevi para muitas pessoas importantes e que admiro da área de biologia e quase ninguém respondeu nesse último ano. Ainda há algumas pessoas para quem desejo escrever em 2022 e oferecer meu trabalho voluntário, como o Patrick Moore e o Willis Eschenbach. Mas sinceramente, talvez nem respondam… Ou talvez eu tenha um pouco mais de sorte com eles do que com os brasileiros..

O texto sobre biodiversidade que produzi para o jornalista, comentado nos posts anteriores, talvez não saia.. Acho que o texto ficou bom, é um bom resumo do status quo sobre a biodiversidade, mas talvez ele não publique pois dei umas incomodadas desnecessárias. Sou especialista em auto-sabotagem, principalmente se bebo umas cervejas a mais (estou tentando ficar bem longe da cerveja mas ainda dou umas derrapadas de vez em quando)…

Mas vamos ver, também não tenho o que reclamar do jornalista pois ele é gente boa. E o texto eu gostei muito de produzir, adquiri um bom conhecimento sobre biodiversidade! É só uma pena que não poder utilizá-lo para responder questões de concursos públicos, já que se espera respostas dizendo que a biodiversidade está diminuindo, que o ser humano está destruindo tudo e tal.

Na verdade, se o jornalista não se encanar comigo de vez e o texto for realmente publicado, devo meter na minha cabeça que isso foi uma conquista. Faz um tempinho que falei com o jornalista da última vez. Mandei uma mensagem legal para ele ontem, ele visualizou mas não respondeu ainda (isso me dá nos nervos, rs). De noite escrevi mais umas coisas depois de tomar cerveja e não sei, talvez eu tenha me queimado um pouco mais… Acho que por isso também estou frustrado… Quando consigo produzir algo legal, minha ansiedade acaba me fazendo cometer besteiras e destruir o conquistado..

O Jornalista me falou que eu tenho carência afetiva. Isso é verdade mesmo, me falta amigos da minha idade para poder bater bastante papo e desanuviar.. Depois ele ainda me falou, super de boa, que eu tenho síndrome do pensamento acelerado, e ele tem razão novamente..

Enfim, vamos ter que juntar muita paciência e torcer para que o livro seja publicado com meu texto este ano! Mesmo que seja publicado, devo meter na cabeça que isso não ocasionará uma mudança na minha vida de imediato. Tenho uma esperança que alguém leia o texto e me chame para apresentá-lo a uma plateia mas isso pode ocorrer como pode não ocorrer, e pode ocorrer só depois de alguns anos do artigo publicado..

O Brian Fox, desenvolvedor da shell Bash, falou em uma de suas palestras que a fama só demorou uns 20 anos. Vi outras pessoas comentarem uma coisa parecida, depois de se produzir algo verdadeiramente bom, deve-se esperar uns dez, 20 anos para que seja reconhecido.. Assim, pode ser que eu tenha uns 40 ou 50 anos quando me chamarem para minha primeira palestra! rs..

Acho que essa consideração sobre a publicação do artigo de biodiversidade é importante nesse momento e parte da minha frustração provém dessa situação..

Mas tem mais.. Tenho lido vários relatos de biólogos modernos e antigos, e eles tem ou tiveram uma vida sensacional, cheia de viagens pelo Brasil e pelo mundo, conheceram diversas culturas e biomas, alguns fazendo pesquisa ou outro tipo de trabalho.. Viajei pro outro lado do mundo (Japão) quando tinha 16 anos, não sei onde foi parar toda aquela coragem! Agora olho para mim, já to ficando velho e sem coragem de encarar o mundo. To me achando meio fracassado nesse ponto, por não conseguir desenvolver minha personalidade e individualidade direito, em parte por que houveram problemas familiares na última década que não permitiram.

Mas tudo é uma faca e dois legumes. Eu gosto de morar com minha família agora e talvez eu tivesse me dado muito mal se não tivesse a companhia da família durante a graduação.. Mas esse é um tipo de coisa que nunca vou poder ter certeza pois realidades alternativas são somente teóricas..

Se eu tinha a perspectiva de me virar sozinho década passada, agora penso que seria melhor ficar perto da família (não necessariamente morando junto). Acho que agora está meio tarde para tentar fortificar certas características pessoais, mas sei que nunca é tarde demais.

Na verdade, fico preocupado demais em morar longe do meu pai e da minha mãe. Ambos são sozinhos. Se meu pai e minha mãe morassem juntos ainda, ou ambos fossem bem casados com outras pessoas, tenho certeza que eu não estaria tão preocupado assim, pois estariam se cuidando e curtindo a vida do jeito deles, e só me restaria correr atrás das minhas aventuras..

Era para ser um post breve, mas enfim, escrever sobre si mesmo é um treinamento para se entender. Espero que não esteja um post muito pessoal. É difícil se expor assim. Não desejo que ninguém tenha dó de mim pois sei bem que não estou no fundo do poço e estou melhor que a grande maioria das pessoas.

Ainda não posso dizer, como o Willis Eschenbach, que eu consegui, que já fiz a minha vida e que sou o jovem homem mais sortudo do mundo. Mas auto piedade demais é vaidade.

Queria ser um pouco como o Richard Rasmussen e o próprio jornalista Richard Jakubaszko, que conhecem o Brasil inteiro e os seus biomas, são respeitados na sua área por pares (e tem pares!) e vivem trabalhando com o que gostam.. Um sonho!

Bom, vamos tentar nos animar e aproveitar a saúde, minha e de minha família.. Sei que sou privilegiado em certos pontos, a saúde dos meus familiares e amigos é extremamente importante e devo aproveitar esse período que todos estão bem. O resto, a gente deve correr atrás..


Atualização: dia seguinte.

Ontem de noie, ocorreu algo bem legal e inesperado. Minha mãe pediu para conversar comigo um pouco sobre amenidades, mas no meio do percurso a conversa pegou uma tangente importante.

Na verdade semana anterior, um amigo havia me enviado um edital para bolsa de doutoramento no Japão e comentei com minha mãe a esse respeito. O sonho dela é eu fazer doutorado..

É uma oportunidade bem interessante, recebe-se por volta de seis mil reais por mês de bolsa mais as passagens de ida e volta. Dentre os requisitos estão ter ou ter tido um vínculo com a UTFPR e ter nascido no máximo em 1987. Bom, como não tenho vínculo nenhum com a UTFPR, eu não poderia concorrer a essa bolsa especificamente, mas minha alma mater tem um vínculo bem forte com entidades do governo japonês e provavelmente ela também deve ter oportunidades de bolsa de estudos..

Sem ela saber do meu blog ou da frustração que expus no no começo desse post, começamos a conversar sobre a bolsa de estudos do Japão pois ela estava curiosa. No meio da conversa, falei da minha preocupação com ela e com meu pai, por estarem sozinhos, e ela ficou surpresa. Não imaginava que eu pensasse assim..

Mas foi muito bom por que ela me garantiu que deseja me ver correndo atrás da minha carreira e que isso até iria dar um grande alívio para ela, pois diz que fica muito preocupada com meu futuro.

Acredito que eu tenho condições de me virar sozinho, se necessário, e não me preocupo muito com dinheiro já não sou muito gastão (gosto da ideia de minimalismo) e acredito na minha capacidade de trabalho, mesmo que for para dar aulas, fazer Uber ou me tornar atendente de caixa ou repositor no supermercado, além de ter meus investimentos no mercado financeiro que devem me dar algum lucro daqui a alguns anos..

Mas enfim, não é a questão de trabalhar para ganhar dinheiro que procuro, mas sim uma realização pessoal profissional na minha área.

De qualquer forma, ela me garantiu que tem condições de se cuidar sozinha ainda e que até pode dar uma olhada no meu pai, se necessário. Assim, fico livre para fazer o que bem entender sobre minha carreira.

Essa conversa de ontem foi um grande alívio.. É impressionante como podemos nos preocupar com certas coisas que acabam passando sem exposição em uma conversa, e como uma conversa franca pode resolver várias picuinhas na nossa cabeça e na de outras pessoas que convivemos.

Sinceramente, acredito que ficar quatro anos fazendo doutorado seria uma aventura muito longa para mim.. Mas admito que tenho vontade, seria muito legal retornar para o Japão a estudos novamente e esse é, de certa forma, um sonho que tenho entretido essa semana.

Bom, com o coração um pouco mais aliviado, vou pensar com a mente mais aberta sobre meu futuro daqui para frente e vamos ver quais oportunidades maiores podem aparecer.