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por mountaineerbr

#44 Olavo se Vai, Filosofia Continua


Relembrando aqui a tangente que me levou a conhecer o Olavo de Carvalho. Foi por volta de 2014, quando eu já utilizava o YouTube frequentemente. Lembro que falei algumas coisas sobre o Olavo, que sempre achei infame, para uma amiga, Melina, e seu esposo em uma tarde andando pela universidade em que começava meu mestrado em 2015..

O Olavo falava coisas muito engraçadas, como do tipo se o cara não é asseado com as coisas dele, imagine como limpa sua bunda. Ou foi ele que falou algo nesse sentido ou eu que falei isso inspirado no jeitão exótico do Olavo.. Mas de fato, ele falava muitos palavrões e eu achava o senso de humor dele o máximo.

Então eu assistia as palestras gratuitas dele no seu canal do YouTube frequentemente. Não me lembro a quantidade de inscritos que ele tinha naquela época, mas era na ordem de 50-200K. Ele estava começando a ficar famoso no Brasil, então de vez em quando eu comentava a respeito do Olavo para algumas pessoas e ninguém reconhecia seu nome.

Por incrível que pareça este texto estar se encaminhando para certas conclusões do leitor a meu respeito, deixo claro que não sou olavista, muito menos bolsolavista.

Na época que conheci as palestras do Olavo no YT, ele era novidade e eu estava busca de conhecimentos filosóficos. Acabara de terminar minha graduação em biologia mas também meus estudos de filosofia. Na universidade, atendi a várias palestras de filosofia e ciências sociais no centro de estudos de ciências sociais da universidade, principalmente nos últimos dois anos da minha graduação.

Com as dicas do meu primo César que havia terminado sua graduação em filosofia há pouco tempo, consegui assistir e acompanhar palestras de três disciplinas semestrais do curso de filosofia. Pedi permissão de dois professores e eles me deixaram assistir suas palestras das aulas ordinárias ao longo do semestre. Eu raramente faltava e não precisava fazer provas… Era bom ter contato com toda aquela galera do Centro de Ciências Sociais.

O terceiro professor que meu primo recomendou foi Professor Pavão (também ver seu perfil no blogger).. Mas, por alguma razão, eu não pedi permissão para assistir às suas aulas na época antes de começar a frequentá-las diligentemente. Ele me aceitou como ouvinte de boas e eu amava suas aulas, achava todas elas muito lindas, inspiradoras!

Depois de algum tempo, porém, ele deu a entender certo incômodo com a situação de minha presença não muito esclarecida mas mesmo assim nunca se dirigiu diretamente a mim e nem me expulsou.

Após conclusão da disciplina, ainda apareci em algumas outras palestras dele, mas seu ar de incômodo era evidente, assim como minha timidez cada vez mais a flôr da pele, especialmente quando ia em suas palestras chapado.

Ainda assisti a várias palestras de eventos de filosofia e ciências sociais, que não precisava ficar preocupado já que eram explicitamente abertas ao público.

Depois, quando conclui o mestrado em outra universidade pública e retornei, meu interesse em filosofia ainda gerou um convite para assistir aulas da pós-graduação, que aceitei mas depois de comparecer por duas vezes, me senti muito deslocado no meio dos alunos da pós de filosofia e nunca mais retornei. Me arrependo de ter sumido, mas eventualmente mandei e-mails para o professor que havia me convidado e sido supimpa comigo, e para uma aluna com a qual tinha conversado um pouco e pegado um material de estudos anteriormente. Ambos não responderam. Acho que minha atitude foi meio estranha mas realmente não consegui a cara de pau necessária para continuar me aproveitando da oportunidade, o que diferiu do meu passado mais jovem de sempre aproveitar as oportunidades diferentes que encontrava ou conseguia.

Decidi que seria mais apropriado assistir a palestras de filosofia quando houvesse eventos na universidade e assim consegui fazer algumas vezes desde então.

Minha sede de conhecimento de filosofia sempre foi forte. Essa sede começou no terceiro ano do ensino médio, quando as aulas de certos professores show me tocaram profundamente. Eu tinha por volta de 17 anos e toda minha crença religiosa se acabou de uma hora para outra, ou foi colocada no devido lugar, nessa época do ensino médio em Curitiba.

Voltando para épocas mais recentes, foi minha vontade de conhecimento filosófico que determinou que eu assistisse a admirasse certas coisas no discurso do Olavo. Não havia outro filósofo excêntrico no YouTube que expusesse a rotina de um filósofo. Me lembro claramente de determinar em minha cabeça os limites do ensinamento que poderia adquirir com o Olavo, pois era claro que nem tudo que ele falava era racional..

Veja bem, o Olavo me ensinou, por exemplo, que devemos ler a literatura dos nossos opositores ou de menores, pois só assim podemos ver a estupidez de que são capachos e assim criticar. Uma outra coisa que concordo com ele é sua crítica com relação ao universo acadêmico que só olha para o próprio umbigo e rejeita alunos com ideias novas.. Também acho legal quando ele escancara que a academia é dominada por pensamento e intelectuais socialistas..

Além do senso de humor e boca suja do Olavo, que sei não agradar muitos de seus opositores, eu achava que o Olavo tinha uma boa retórica. Reparei que quando ele se dava ao trabalho de explicar e apresentar certos temas, ele o fazia com grande maestria e de forma racional. Então essa parte de sua dialética, ou método de se expressar e explicar, passava pelo crivo científico e poderia ser usada sem problemas por mim.

Por outro lado, era muito claro que assim que a parte de introdução e exposição de certos temas acabava e ele começava a expressar suas opiniões pessoais e tudo degringolava ladeira abaixo. Não havia mais nada que poderia ser útil para mim. Assistia para analisar sua retórica somente, mas consciente de que naquelas alturas ele já havia metido o pé na privada.. O maior empecilho de raciocínio e opiniões tortas do Olavo com certeza provém da sua fé e religião.

Depois que ele ficou mais famoso, por volta de 2018, eu deixei de seguí-lo pois ele quase não falava mais nada que eu pudesse aproveitar e descobri outros filósofos mais interessantes para seguir.

Por exemplo, agora sigo um filósofo de esquerda, Paulo Ghiraldelli, mas já aviso que também não sou de esquerda (nem de direita, para não restar dúvidas)..

A filha do Olavo parece ser uma pessoa mais amena e razoável. Não fico muito triste com a partida de Olavo pois os brasileiros estavam o levando a sério demais, mas também não fico feliz de não poder mais ouví-lo..

Tem um livro do Olavo, O Jardim das Aflições, que ele escreveu há muito tempo, antes de ser muito famoso, que tenho desejo de ler alguma hora dessas..